domingo, 6 de janeiro de 2013

ABRAMO(S)

Ramon Osmainschi
                      
ABRAMO Eberle foi, sem dúvida, um dos grandes nomes de seu tempo. Desde cedo aprendeu o ofício de funileiro com sua mãe, Gigia Bandera, e aos dezesseis anos comprou a pequena funilaria do pai e iniciou suas atividades fabricando lamparinas a querosene. Com o passar dos anos, a empresa tornou-se uma das mais importantes metalúrgicas do Brasil, com sua produção de talheres, objetos de cutelaria e utensílios de mesa, artigos de montaria e objetos sacros, motores elétricos, entre outros.
ABRAMO já tocou os sinos que embalaram a produção industrial de toda uma cidade; o significado do badalar dos sinos continuou sendo marcado pelo compasso do belo relógio que se destaca na fachada frontal do prédio da antiga Metalúrgica Eberle, e até hoje as pessoas regulam seus turnos de trabalho e seus compromissos como ABRAMO começou no início do século XX.
Um olhar mais aprofundado nos mostra o quanto a figura de ABRAMO Eberle e de tantos outros como ele foram importantes na construção de nossa cidade e de nossos valores; o trabalho dele e de seus funcionários e colaboradores foi e segue sendo exemplo de excelência.
Da mesma forma que ABRAMO Eberle foi importante na vida de muitos caxienses no passado, literalmente iluminando as casas e as perspectivas de muitas pessoas, sinto que agora precisamos de uma série de ABRAMOS em nossas vidas, que devemos cultivar dentro de cada um de nós e em nossas atitudes:
ABRAMOS as portas de nossas casas e percebamos que os nossos bens vão além destes limites, estão nas edificações tombadas e preservadas pelo poder público, pois elas são nossas, fazem parte de nossa herança sociocultural e da nossa formação enquanto cidadãos.
ABRAMOS a discussão frente aos nossos governantes, para que estes nossos bens sejam devidamente evidenciados nas futuras definições, não só lutando pela preservação, mas também pela habitabilidade dos mesmos de maneira que não sejam desvalorizados com a sua refuncionalização – seus novos usos jamais deverão descaracterizar ou declinar a importância do bem para a comunidade.
ABRAMOS nossos olhos para o patrimônio que está diante de nós, que não necessita de mapa do tesouro, mas precisa ser (re) descoberto, admirado e valorizado, pois estes bens são nossos por direito e por sentimento.
Tendo em vista que o prédio da antiga Metalúrgica Eberle está novamente no centro das notícias, espero que todos nós, comunidade e poder público, ABRAMOS nossos braços e juntos possamos abraçar esta ideia, começando pelo majestoso prédio concebido pelo arquiteto Silvio Toigo, e estendendo aos demais prédios importantes do patrimônio de nossa cidade, tombados ou não.
Não podemos deixar que o valor imobiliário e financeiro sobressaia ao valor histórico e cultural materializado no concreto armado destas edificações; dentre estas paredes foram vividas histórias de superação, de amizade, de exemplo, de honra, que nos enaltecem e que formaram as bases do que é a nossa Caxias do Sul e de seus habitantes.



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