Ramon Osmainschi
ABRAMO Eberle
foi, sem dúvida, um dos grandes nomes de seu tempo. Desde cedo aprendeu o
ofício de funileiro com sua mãe, Gigia Bandera,
e aos dezesseis anos comprou a pequena funilaria do pai e iniciou suas
atividades fabricando lamparinas a querosene. Com o passar dos anos, a empresa
tornou-se uma das mais importantes metalúrgicas do Brasil, com sua produção de
talheres, objetos de cutelaria e utensílios de mesa, artigos de montaria e
objetos sacros, motores elétricos, entre outros.
ABRAMO já tocou os sinos que
embalaram a produção industrial de toda uma cidade; o significado do badalar
dos sinos continuou sendo marcado pelo compasso do belo relógio que se destaca
na fachada frontal do prédio da antiga Metalúrgica Eberle, e até hoje as
pessoas regulam seus turnos de trabalho e seus compromissos como ABRAMO começou
no início do século XX.
Um olhar mais aprofundado nos
mostra o quanto a figura de ABRAMO Eberle e de tantos outros como ele foram
importantes na construção de nossa cidade e de nossos valores; o trabalho dele
e de seus funcionários e colaboradores foi e segue sendo exemplo de excelência.
Da mesma forma que ABRAMO Eberle
foi importante na vida de muitos caxienses no passado, literalmente iluminando
as casas e as perspectivas de muitas pessoas, sinto que agora precisamos de uma
série de ABRAMOS em nossas vidas, que devemos cultivar dentro de cada um de nós
e em nossas atitudes:
ABRAMOS as portas de nossas casas e percebamos que os nossos bens vão
além destes limites, estão nas edificações tombadas e preservadas pelo poder
público, pois elas são nossas, fazem parte de nossa herança sociocultural e da
nossa formação enquanto cidadãos.
ABRAMOS a discussão frente aos nossos governantes, para que estes
nossos bens sejam devidamente evidenciados nas futuras definições, não só
lutando pela preservação, mas também pela habitabilidade dos mesmos de maneira
que não sejam desvalorizados com a sua refuncionalização – seus novos usos
jamais deverão descaracterizar ou declinar a importância do bem para a
comunidade.
ABRAMOS nossos olhos para o patrimônio que está diante de nós, que não
necessita de mapa do tesouro, mas precisa ser (re) descoberto, admirado e
valorizado, pois estes bens são nossos por direito e por sentimento.
Tendo em vista que o prédio da antiga Metalúrgica Eberle está novamente
no centro das notícias, espero que todos nós, comunidade e poder público,
ABRAMOS nossos braços e juntos possamos abraçar esta ideia, começando pelo
majestoso prédio concebido pelo arquiteto Silvio Toigo, e estendendo aos demais
prédios importantes do patrimônio de nossa cidade, tombados ou não.
Não podemos deixar que o valor
imobiliário e financeiro sobressaia ao valor histórico e cultural materializado
no concreto armado destas edificações; dentre estas paredes foram vividas
histórias de superação, de amizade, de exemplo, de honra, que nos enaltecem e
que formaram as bases do que é a nossa Caxias do Sul e de seus habitantes.
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